POR HENRIQUE NUNES
Matar o balcão, senhor patrão, é um atentado aos desacompanhados. É como entregar de bandeja o muro de lamentações de quem deseja alheias privações. Não se pode mais estar sozinho num bar sem ter de esnobar as gentilezas que pululam sobre as mesas ao lado. Malvado, esses patrões. Querem nos dar conforto, comandas e afins, mas esquecem que o porto seguro de qualquer botequim é o balcão desconfortável que nos tira do confim.
Sem balcão, senhor patrão, não haverá outro lugar para suportar o peso de nossos cotovelos e angústias. Sem balcão, senhor patrão, não haverá conserva que dê conta do espaço que (des)conserva o nosso corpo. Sem balcão, senhor patrão, os bares não serão mais a meca de nossas solidões. Mas, como me alertou meu amigo engarrafado, há muito bar que ainda não foi condenado. Talvez, se procurarmos com minúcia, encontraremos por aí algumas poucas ilhas para nos tirar desse naufrágio. Eis aqui o meu sufrágio.
Este texto foi indicado pelo meu irmão Tiago e roubado do blog Botequim do Bruno, segundo ele um "jornalista, boêmio e sambista de Campinas."
E o próximo texto prometo que será meu, senão este blog muda pra "Sem ideia original".
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