terça-feira, 30 de junho de 2009

Recomendo

Já faz um tempinho que eu não escrevo aqui ando meio sem tempo, meio sem ideia e meia calabreza.

Estou lendo o livro “As Cem Melhores Crônicas Brasileiras” e por um lado está sendo inspirador com tantas boas ideias, por outro tem me travado um pouco, vai demorar pra que eu escreva textos tão bons quanto aqueles.

O livro é excelente, os autores então nem se fale. Tem Machado de Assis, Nelson Rodrigues, Chico Buarque, Carlos Heitor Cony, Caetano Veloso, Luis Fernando Veríssimo até os recentes Tutty Vasques, Antônio Prata, Martha Medeiros e Marcelo Rubens Paiva, estes, aliás, acompanho os blogs diariamente.

Acabei me dando conta que este blog não tem só textos meus e que sua ideia sempre foi publicar textos bacanas de serem lidos, sempre fazendo referências aos autores. Decidi que postarei alguns aqui, os que eu achar mais interessantes. Não desmerecendo os outros, pois o livro todo é muito bom.

Então, leitores, em breve as minhas crônicas preferidas.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Afinal, o amor..

POR THAÍS MACEDO

Agora tudo muda.

Deixa de ser você e passa a ser o outro, no máximo um “nós”. Você quer sempre saber onde ele está, será que está bem? Será que pensa em mim? Nas coisas que eu pedi pra ele fazer ou, principalmente, não fazer?
Ele passa a ser o centro da sua vida – e você que dizia que homem nenhum iria controlá-la. Você faz sua rotina de acordo com a dele. Só sai quando ele deixa e é só ele exigir sua presença que você estará lá, como um soldado pronto para novas ordens.

Não importa o quando os outros digam que você deve deixá-lo viver a vida como bem entender, deixá-lo livre para ele voltar pra você quando quiser, nada disso adianta. Quando bate a saudade você vai atrás mesmo, esteja ele onde estiver. Dizem ainda que você deve controlar o seu amor por ele, pra não sufocá-lo mas é exatamente essa a sua vontade, sufocá-lo com o seu imenso amor.

Você quer estar junto todos os momentos, saber de tudo que se passa com ele, participar de qualquer atividade, inclusive do futebol com os amigos. E se desespera quando o próprio te exclui de algum programa.

E o ciúme, ah esse chega a ser cruel, afinal ele é seu. E mesmo sabendo que está errada, mesmo sabendo que ele te ama você é capaz de virar uma criança birrenta e ter atitudes tão infantis que no fundo sente vergonha, mas não importa, ele é seu. Quando é o contrário, quando o ciúme é dele, você finge que ele está errado, mas no fundo fica envaidecida, deixando até ele opinar na sua roupa "afinal, o amor.."

Vê-lo sofrer te corta o coração e você trocaria de lugar com ele não importa quão dolorosa a situação.

E tudo isso, porque ele te faz feliz, ele dá o amor que você precisa, dá o sentido à sua vida. E basta uma palavra pro mundo ficar colorido e tudo na vida fazer sentido.

Essa palavra? MANHÊÊÊ.




Textinho meloso em homenagem ao nascimento do Davi, filho da Lú e do Klaus. Seja bem-vindo!

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Sinistro

Se tiver 15 minutinhos (exatamente), assista esse curta.

É muito bom, a trilha é ótima e a narração dá o tom.

Vale a pena, é só clicar.

http://www.portacurtas.com.br/pop_160.asp?cod=1999&Exib=1



POR THAÍS MACEDO

terça-feira, 16 de junho de 2009

Polêmicas

POR THAÍS MACEDO

Demorei muito tempo pra me decidir e pra ter uma opinião sobre essas questões, mas como estou prestes a fazer 25 anos tenho algumas opiniões.
Vou escrevê-las aqui, pra quando eu fizer 30, ver se mudou algo.
Se bobear, semana que vem já pode ter mudado, mas vamos lá.

Pena de morte: CONTRA
explicação: primeiro, muitos inocentes são condenados. E rebatendo o maior argumento de que "se alguem mata minha familia vou querer matá-lo", sim vou querer e provavelmente vou fazer, mas o Estado não pode me dar e nem ter esse direito. E por fim, prefiro ve o canalha sofrendo em vida do que morrer logo, prisão perpétua neles.

Aborto: CONTRA
explicação: use camisinha! Sou a favor em casos previstos na lei atual, como estupro e bebês sem cérebro (burros - piadinha só pra quebrar o climão). Nesses casos ainda sou a favor de um estudo de cada situação. Do contrário, sou absolutamente contra. Acho que o governo tem que dar informação, tem que pagar operação pras mulheres que não querem mais ter filhos, distribuir gratuitamente métodos contraceptivos enfim, prevenção é a palavra. Sim, acho que a mulher tem que ter direito de fazer o que quiser com SEU corpo, SUA vida. Filho, bebê, embrião é OUTRA vida. E não sei o que a ciência diz, mas pra mim fecundou já é outra vida. Abortou, matou.

Legalização da maconha: A FAVOR
explicação: não vá tirando conclusões precipitadas leitor. Não fumo maconha. Sou a favor porque não considero maconheiros drogados, não no sentido pejorativo. Sim, maconha é droga, mas é como o cigarro e o álcool. Ela não te encoraja, não te faz cometer crimes (desde que você não esteja dirigindo ou algo assim) e acho que legalizando ela perderá a coisa desafiadora de ser "fora da lei" instigando a experimentar. Vai fumar quem quiser, como já é hoje, só que dentro da lei. E porta de entrada pras outras drogas é o álcool, se começa com ele. Bom, não sei argumentar muito pra esta questão mas sou a favor. Deixem os malucos beleza, preocupem-se com a cocaína, heroína, ecstasy (sim), crack, cola etc.

Casamento gay: A FAVOR
Tenho um pé na homofobia já que não me agrada em nada ver homossexuais se pegando na minha frente. Mas respeito, entendo e aprovo sim o casamento. Estas pessoas se apaixonam e costumam ter relações mais estáveis do que as heterossexuais. São pessoas como todas as outras e têm sim, o direito de deixar seus bens para o companheiro e registrar esta união. As pessoas quando pensam nisso (as mais radicais) imaginam bichinhas afetadas entrando na igreja vestidas de noiva. Não é nada disso, é apenas um reconhecimento na lei de que aquela união existe. Lembro-me de quando a Cássia Eller morreu, seu filho Francisco foi disputado pela sua companheira que era quem cuidava do menino, ia nas reuniões na escola e cuidava da educação dele e pelos pais da cantora, que sim amavam a criança. Todos foram a favor da segunda mãe do menino... é só pensar se o casamento gay já existisse, talvez não houvesse essa disputa.

Voto obrigatório: A FAVOR
explicação: Temos em primeiro lugar obrigação moral de votar, pelo menos pela morte e luta de tanta gente que brigou por este direito na época da ditadura. É só vc ver os filmes que retratam os anos 60, 70. Segundo, porque sim, é nossa obrigação, é nosso dever. São muito bonitos os discursos inflamados que ouvimos, principalmente na faculdade, sobre como o Brasil tá uma merda, os políticos roubam e são eleitos novamente, blá blá blá e o cara no dia da eleição vai viajar, faz churrasco ou passa o dia todo em casa e reclama de levantar a bunda do sofá e ir votar. O voto é sério, é seu, é nele que você pode protestar efetivamente. Encontre candidatos à altura de seu voto e sim existem, basta você ter saco de pesquisar e acompanhar depois, as votações na câmara são abertas ao público, as leis e seus responsáveis são divulgados. E pra mim só tem direito de reclamar da situação política atual do país quem vota, vota em alguém e não em branco ou nulo. Porque estas pessoas, sim, fazem algo real pra mudar.

Pesquisas com células tronco: A FAVOR
explicação: um avanço da ciência que trará muitos benefícios. Não vejo a necessidade de clonagem, principalmente de seres humanos, existem maneiras mais prazerosas de se gerar uma vida. Agora, pessoas podem voltar a andar, enxergar, pensar, falar enfim muitas coisas através das células tronco, vamos avançar.


Ufa, por enquanto acho que está bom.

Se você não concordou crie seu blog e escreva o que quiser mas RESPEITE a minha opinião, já que ela não prejudica ninguém.
Você pode ter a opinião que quiser, desde que não faça dela uma lei e que não queira obrigar as pessoas a segui-la.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

De algum tempo atrás...

Recordações...
Daquela paixão delirante
Dos beijos apaixonados
Dos abraços apertados
De tudo o que fomos antes
Recordações...
Dos carinhos, dos beijinhos
Dos passeios de mãos dadas
Dos sorrisos, das risadas
Do aconchego em nosso ninho
Recordações...
Das bebidas que tomamos
Das viagens que fizemos
Da história que escrevemos
Das noites que nos amamos
Recordações...
Das noites frias de inverno
Dos nossos corpos colados,
Dormindo sempre abraçados...
Das juras de amor eterno
Recordações...
Da nossa ingenuidade
Da nossa conversa bobinha


Feliz dia dos namorados!

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Boas energias

POR THAÍS MACEDO

"Não há bem que nunca termine, nem mal que nunca acabe"

Acho que a frase diz isso.

E sabe, eu concordo. Acho que não só na vida de cada um mas também no coletivo, no ar. Acho que existem fases boas e ruins no universo e que influenciam na vida de cada um.

Sempre tem uma época em que tudo dá errado pra todo mundo, outras em que todo mundo engravida, outras em que todo mundo termina o relacionamento enfim, energias tão fortes que contagiam e independem do indivíduo.

To filosofando assim porque acredito que a positividade está no ar. Tenho recebido tantas notícias boas. Tantas pessoas me contam coisas boas que acontecem em suas vidas que não necessariamente infuenciam na minha mas que de certa forma tornam a vida mais feliz!

Eu tenho tido boas notícias; meus pais tiveram e estão com bons projetos; uma amiga deu entrevista falando do blog dela que tá crescendo; outra amiga deu entrevista falando de suas bijouterias que estão fazendo sucesso; uma amiga tirou 10 do TGI (eeeeee Thá) e tá super contente, eu sei o quanto é penoso. Enfim, tá aí gente, tá no ar.

Corra e pegue sua boa notícia. Aproveite a esperança, a energia boa que está solta. Ela não é eterna mas se você souber aproveitá-la te fará bem nos dias de chuva.

:)



Tem alguma ideia?

POR THAÍS MACEDO

Pois é, este blog se chama Ideia de Origem e eu me pergunto: qual a origem da ideia???

Muitos discutem de onde vem a ideia, onde surge aquela lâmapada na sua cabeça que faz com que atitudes sejam tomadas, teorias defendidas, best sellers sejam escritos, filmes rodados e guerras iniciadas.

É engraçado imaginar que a teoria da gravidade tenha surgido de um momento de descanso do Sir Newton (ele era Sir?). Agora, você já parou pra pensar que ideias brilhantes surgiram de momentos estranhíssimos?

A pipoca, provavelmente, surgiu de um erro culinário, alguém cismou de esquentar o milho e de repente POC, ele estourou. Mas quem teve a grande ideia de experimentar? O Cinemax agradece.

A ideia do chocolate me intriga muito. Quem pensou em pegar aquela fruta estranha que é o cacau, torrar e depois ficar pisando em cima (tá, fui influenciada pela novela Renascer, em que os personagens ficavam pisando no cacau e cantando "aiáá lá aiaa ilê ilê iá", hoje devem existir métodos com menos micoses pra fazer o chocolate, mas esse é mais poético)? Aí o camarada derrete aquilo, mistura mais algumas coisas e escraviza milhões de mulheres pelo mundo. Acredito que o cara, sim, só poder ser homem, que teve a ideia do chocolate é o mesmo que descobriu a TPM.

As pessoas criam as coisas a partir de suas necessidades e essas criações podem vir de pequenos momentos do cotidiano. Imagine um sujeito gordo tendo que subir vários andares todos os dias, pra chegar em casa. É obvio que ele é o criador da escada rolante, alguém duvida disso? E alguém duvida que quem idealizou o viagra tinha mais de 50 anos?

E quem será que inventou que encostar boca com boca e roçar as línguas era bom? E quando a coisa foi além disso.. bom, dessas boas ideias o inferno está cheio, sem dúvidas.
As ideias vem na nossa cabeça e cabe aos espertos dar importância à elas... ou não.

Eu ainda não tive nenhuma ideia pra escrever um post novo aqui no blog, mas não é que acabei de escrever?!



Blowing in the wind

POR ANTÔNIO PRATA

Meu pai nunca entendeu que eu e minha irmã não tínhamos a mesma idade que ele. Isso não se restringia a nós nem mudou com o tempo: até hoje ele conversa com uma criança de três anos de igual para igual, o que faz com que elas o adorem, como se o tom as promovesse a outro patamar. Quando você é filho, no entanto, a coisa é um pouco mais complicada.

Era domingo e não sei por que cargas d'água meu pai resolveu nos levar ao Pico do Jaraguá. Não era o tipo de programa que fazíamos nos fins de semana -- um sim, um não -- que passávamos com ele. Íamos a restaurantes, bares, às casas de amigos dele, ao cinema ou ao teatro. Aquele, contudo, era um domingo atípico, tanto é que a Julia, minha meia irmã (filha do meu padrasto), também estava conosco.

Lembro-me de estar deitado no banco de trás da Brasília, com as pernas esticadas por cima do encosto e a cabeça pendendo entre os bancos da frente, próxima à base do freio de mão. Hoje em dia, se a polícia pára um carro e flagra uma criança nessa posição, o motorista deve perder a carta, talvez até guarda dos filhos, mas estávamos em 1984 e o mundo era outro, não se usava cinto de segurança nem protetor solar, as pessoas não andavam por aí com garrafinhas d'água, como se fosse o elixir da vida eterna, fazíamos cinzeiros de argila para os pais nas aulas de artes e o colesterol era apenas uma vaga ameaça de gente paranóica, como a CIA ou a KGB, dependendo da sua visão de mundo; de modo que eu seguia feliz, estrada acima, vendo as árvores passarem de cabeça para baixo, lá fora.

Foi a Maria, minha irmã mais nova, sentada próxima a janela da esquerda, quem deu o alarme: "Ó lá ela chupando o pinto dele!!!". A Julia pisou na minha barriga, passou por cima de mim e também grudou a cara na janela, eu levantei correndo mas só cheguei a tempo de ver uns vultos dentro da Variante bege parada no acostamento. A Maria jurava ter visto direitinho: o cara pelado, uma mulher chupando-lhe o pinto. Nós três começamos a pular e gritar no banco de trás, como chipanzés amotinados. "Chupando o pinto!", "Hahahaha!", "Chupando o pinto dele!", repetíamos, sem acreditar que havíamos passado tão próximos daquele evento inencaixável na ordem geral das coisas. A gritaria estancou de imediato quando meu pai, com a naturalidade de quem discute a situação com senhores de cinqüenta anos, perguntou: "o que é que tem?".Até aquele segundo, em minha vida, chupar pinto não tinha nenhuma relação com a sexualidade humana, o prazer, o afeto. A frase "chupa meu pinto!" pertencia ao terreno das ofensas, ao jargão do futebol, como "prensada é da defesa", "gol só dentro da área", e "vou te encher de porrada" - essa sim uma ameaça que poderia ser cumprida. Chupar o pinto era metafórico, como "cospe e sai nadando" ou "vai ver se eu estou na esquina" e jamais tinha passado por nossas cabeças (eu devia ter uns nove, a Julia oito e a Maria, sete) que alguém de fato fizesse aquilo -- e por que faria?!

"Não sei do que vocês tão rindo tanto", continuou meu pai, sério. Eu só consegui gritar o óbvio, de pé no assento de trás, metendo o corpo entre os bancos da frente: "pai! Ela tava chupando o pinto dele!". Meu pai abanou a cabeça. "Antonio, chupar pinto é uma coisa muito normal. E saudável. Todo casal faz isso" - ele disse, e acreditem: era só o começo. O pior, o que subverteu todo o arcabouço conceitual construído até meus nove anos, o que provavelmente faria com que fogos de artifícios fossem vistos nos dois hemisférios do meu cérebro, caso estivesse num desses aparelhos de ressonância magnética, o que, dada a intensidade, provavelmente fixou toda a história em minha cabeça, desde a posição em que me encontrava no banco da Brasília até a cor do céu, quando chegamos ao mirante, lá no alto, viria a seguir: "Normal, sim. A Juliana chupa meu pinto. A sua mãe chupa o pinto do marido dela. Sua avó chupa o pinto do seu avô. A tia Lurdes chupa o pinto do Augusto, a professora Carla chupa o pinto do Josué, ah!, os homens que namoram homens então, como o Pedrinho e o Ivan, chupam muito o pinto um do outro. Todo mundo que namora faz isso. E é muito gostoso. Não tem porque rir."

Chegamos ao Pico do Jaraguá, descemos do carro e vimos o pôr do sol. Eu olhava a cidade lá longe e só conseguia pensar que por trás de cada janela, dentro de cada carro, debaixo de cada teto, atrás de cada porta havia pessoas que chupavam ou eram chupadas, meus pés pisavam sob um planeta onde dois bilhões e meio de seres humanos colocavam os pintos dos outros dois bilhões e meio na boca. Talvez fosse o vento, ou a memória tenha inserido o áudio mais tarde sobre a imagem, mas o som que eu ainda ouço, lá no alto, é equivalente ao de um canudo do tamanho de um prédio puxando o último gole de um copo gigante de milk-shake: sssrrrrrrrlllllllllllluuuuuuuuurrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrp!

Na volta, ninguém falava nada. Entramos em casa correndo, com os olhos arregalados. Não tão arregalados quanto ficaram os de minha mãe, meu padrasto e mais uns dois casais de amigos, que tomavam vinho e comiam alguma coisa, quando desandamos a falar: "Mãe! Mãe! É verdade que você chupa o pinto dele?!". "A vovó chupa o pinto do vovô?!", "A minha avó também, pai?! A minha avó também chupa pinto?!!", "Todo mundo?! Todo mundo chupa pinto?!". "Mãe, mãe, quando eu crescer eu também vou ter que chupar pinto?!". "Com que idade?! Com que idade começa a chupar pinto, pai?!".A última cena de que me lembro nesse dia é vista do alto da escada, de onde eu estava bisbilhotando, já de pijama. Havia taças vazias e pratos sujos na mesa, os casais tinham ido embora. "Mas será que você não entende? Eles são crianças!", dizia minha mãe ao meu pai, pelo telefone, aparentando mais cansaço do que raiva na voz. Não lembro com que sonhei naquela noite.



*Atenção este texto MARAVILHOSO é roubado do blog: http://blog.estadao.com.br/blog/antonioprata/

Homenagem à minha mãe

POR THAÍS MACEDO

Há quem diga que mãe é tudo igual, só muda de endereço. Porém, podemos perceber vários tipos diferentes de mãe, vamos citar alguns exemplos.

Mãe “Dona Armênia”: aquela que acha seus filhos perfeitos. Ele pode ser mistura de cobra com urubu, mas é o mais bonito do mundo. Pra essa mãe ele não tem defeitos, não faz nada de errado, os outros que fazem. Você pode gostar dela como mãe, jamais como sogra.

Mãe “Vera Fischer”: é que se ama antes de tudo. Ela vem na frente e os filhos que venham junto. Ela tem a sua vida, os seus problemas e é tão complicada que acaba sendo filha dos seus filhos. Ela cria filhos independentes, responsáveis e carentes.

Mãe “Angelina Jolie”: com essa você vive sempre uma aventura. Ela está sempre indo de um lugar pro outro. Gosta de te mostrar novos lugares, outras culturas, sempre te ensinando a viver com a diferença, pra onde ela vai te carrega. Mas trata todos como filho, então você pode se sentir um pouco enciumado, se perder no meio de tantos “irmãos”.

Mãe “de filho homem”: é a que diz que nenhuma mulher é boa o suficiente pra você.

Mãe “Dona Florinda”: é a mãe que cria o filho sozinha, o defende com unhas e dentes de todas as gentalhas, mesmo às vezes você merecendo levar umas broncas. Te mima pra que você que não sinta falta de um pai. Acaba criando um filho Kiko.

Mãe “Xuxa”: ela é uma criançona. Chora, faz birra, manhosa, quer dividir tudo com a filha enfim, cresce junto com você, ás vezes até mais devagar.

Mãe “século XXI”: é aquela que trabalha fora o dia todo, te matricula na aula de violão, no judô, na natação, no balé, no inglês e faz de tudo para que você tenha tão pouco tempo quanto ela, assim se sentirá menos culpada.

Mãe “Jatobá”: Deus te livre.

Mãe “Dilma Roussef”: é a Ministra da Casa Civil e pode se tornar Presidente da República. Imagina ela em casa?

“Mãe Solange”: é a minha. Tem um pouco de todas essas e mais algumas características que são só dela. Por isso, digo sem dúvidas as mães podem até ser todas iguais, mas a minha É A MELHOR.



Vivendo e aprendendo

POR THAÍS MACEDO

“Viva como se hoje fosse o último dia da sua vida.”

Taí uma frase que eu definitivamente não concordo. Acho um absurdo esse desespero de vida, essa coisa de viver como se cada segundo fosse o último.
Pra que esse afobamento? Morreu morreu, ué.

Provavelmente você vai deixar de fazer alguma coisa na sua vida. Vai deixar alguém esperando em um encontro preagendado; vai deixar de pagar alguma conta; vai perder uma viagem planejada; alguma coisa você vai deixar de fazer na sua vida e isso é normal.

O ser humano planeja. É da sua natureza planejar, sonhar, pensar no futuro.

Agora imagine o desespero da pessoa que segue à risca essa frase. Todo dia ela enche o pote de comida do cachorro (quem se lembrará dele no velório?), liga pros pais, parentes e amigos pra dizer que os ama muito; enche a cara como se a bebida do mundo fosse acabar também... tá, a gente faz isso de vez em quando também.

A verdade é: viva como você quer viver.

Se está com preguiça fique o dia todo no sofá sim, assistindo sessão da tarde, dormindo, acordando e como diz minha tia “criando bunda”. Foi viajar brigado com uma pessoa especial? Tudo bem. Ela sabe que você a ama, mesmo com raiva, mesmo não dizendo isso sempre, ou pelo menos deveria saber e isso você deve mostrar nas atitudes. Quer deixar alguma coisa pra depois? Se puder, deixe.

Fazer as coisas de maneira forçada não é viver, é fingir que está vivendo e isso é bem pior que tudo.

Quer viver a vida intensamente? Tente ser você mesmo a maior parte do tempo, essa é a fórmula.



A batalha das 1200 calorias

POR THAÍS MACEDO

Hoje é segunda-feira e segunda-feira é dia de que?
De começar dieta.


Vamos entender a semana:

Na segunda você começa o regime, segue o cardápio saudável bonitinho, acorda cedo pra se exercitar, conta calorias, coloca aquela garrafinha de água na bolsa, compra frutas, saladas e barrinhas de cereal pra um mês. Vai dormir com fome.

Na terça, você acorda e não vai caminhar, afinal quer pegar leve no começo. Sonha com um pãozinho, mas se controla come uma fruta, um copo de leite desnatado e só meio pãozinho vai... não vai fazer tanta diferença. Durante o dia você comete um ou outro deslize, mas não sai muito da linha. Dorme com fome, de novo.

Na quarta você acorda querendo comer o pé da mesa. Acaba com um pãozinho inteiro, se prometendo tirar algum alimento da noite. Já não vai caminhar porque a fome está te deixando debilitada. No almoço, você exagera um pouquinho “só porque hoje é dia de feijoada”. Não agüenta mais olhar pras barrinhas. No fim do dia tem aquele happy hour do meio da semana e você se promete tomar apenas um choppinho. Dorme bêbada.

Na quinta você acorda de ressaca. Come um pão e uma Coca bem gelada, aguarda ansiosamente o almoço pra mandar ver naquela massa, com mais uma Coca. Come o dia todo, afinal seu corpo está pedindo gordura, precisa se recuperar do álcool.

Na sexta, você acorda cedo, vai correr, no almoço come peixe com salada. À noite, sai com os amigos, manda ver na porçãozinha, na cervejinha, na caipirinha, na batidinha, na batatinha, na mandioquinha...

Sábado e Domingo – ah vê lá se fim de semana é dia de fazer dieta. Merecemos um descanso né e, afinal, segunda feira é dia de começar outra dieta.

Nessa eu não vi muito resultado.



Centenário do poeta do samba

POR TIAGO DE SOUZA

E o samba faz 100 anos!
Você pode se perguntar se o samba não é mais velho que isso, se o samba não começou nos jongos, nos terreiros, e depois reinventou-se na Praça Onze? Se o samba não foi escrito mesmo pelo mestre do gênero, Noel Rosa? Eu responderia que, em partes, você estaria certo. Em partes porque a transcendência do samba é mesmo com Angenor (isso, dessa forma mesmo, um erro de grafia do cartório) de Oliveira, Cartola.

A mais genuinamente forma brasileira de se cantar, de se viver, de sentir as coisas, o samba inegavelmente é Cartola, que comemorou 100 anos no último dia 11 de outubro. E outra pergunta viria: Comemorou? Cartola não morreu em 1980? E a resposta seria a mesma: - Em partes. Porque morreu o corpo, ficou a obra, o sentimento, a alma.

Fundador da mais conhecida escola de samba brasileira, a Estação Primeira de Mangueira, Cartola foi quem mais chegou perto de descobrir o "mistério do samba" (título do mais recente e mais perfeito documentário feito sobre o gênero, lançado recentemente).

Ele quase não cantou o samba em si (excluindo-se em "Tempos Idos" e homenagens à Mangueira). Mas fez samba como ninguém! Cartola não criou apenas a Mangueira que, a lado da Estácio, Portela e Império Serrano, construíram o Carnaval. Não, Cartola foi mais que isso. Ele cantou o amor, Cartola fez samba-canção, samba-choro, partido-alto, cantou a dor, a saudade, e até a repressão aos sambistas, ao trabalhador, de uma forma única, poética, rica e sintética ao mesmo tempo.

A música de Cartola, é atemporal, é difícil de explicar, mas se ouvi-la com ouvidos de ouvir e vê-la com olhos de ver nos faz compreender sentimentos que jamais saberíamos explicar.

Disse Angenor....
"Não abuses por eu te confessar
Que nascestes só para eu te amar

Gosto tanto, tanto de você
Que os meus olhos falam o que não vê
Ainda há de chegar o dia
Que eu hei de ter grande alegria
Quando você souber compreender
Num olhar o que eu quero dizer"

Ou explicou Cartola...
"Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar para mim
Queixo-me às rosas, mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti "

E se conheceu o sambista...
"Deixe-me ir preciso andar,
Vou por aí a procurar,
Rir pra não chorar.
Se alguém por mim perguntar,
Diga que eu só vou voltar,
Depois que eu me encontrar...
Quero assistir o sol nascer,
Ver as águas dos rios correr,
Ouvir o pássaros cantar,
Eu quero nascer quero viver..."

Tenho uma teoria de que pessoas como Cartola, Noel Rosa, Pixinguinha, João da Baiana, e para não ficar só no samba, Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Chico Buarque (que também faz samba), deveriam ser estudados nas escolas primárias do Brasil. Esses construíram aquilo que chamamos de identidade brasileira.

Então, quis prestar a minha homenagem a Cartola, no mês em que se festeja seu centenário. Muitos – com mais conhecimento e competência – já prestaram a sua. Mas eu, como um brasileiro convicto, como um defensor e propagador do samba, quis fazer a minha. Singela....

E termino com um texto (roubado!) homenageando então aquele que faz 100 anos. Não o Angenor, mas seu legado, aquilo que construiu: o samba. Viva o centenário do poeta do samba! Viva o Samba! Viva Cartola!

É ao redor de uma boa roda de samba que nos sentimos verdadeiramente pertencentes a uma nação, a uma família. Ao redor dele nos reunimos, nos solidarizamos, compreendemos, aceitamos, repartimos, respeitamos, rimos e choramos juntos. O samba não é somente música, porque a música por si só não conseguiria levar um povo inteiro nas costas. O samba é um clima – eis o seu grande mistério. De onde vem esta força?"


O que é verdade?

POR THIAGO AUGUSTO

Enquanto navegava pela internet, em busca de textos de autores específicos que procurava, me deparei com um seguinte provérbio, dito de origem iuguslava: "Diga a verdade e saia correndo". Achei engraçado, assim que o vi. Depois de um certo tempo, no entanto, ele retornou à minha mente, e comecei a pensar sobre ele e no verdadeiro motivo de sua graça.

Evidentemente, o seu efeito de humor é criado a partir da idéia de que todos guardam dentro de si opiniões que não querem revelar, sejam estas verdades pessoais ou consensuais, e que geralmente não é prudente revelá-las, pois, sendo verdades, podem ser contundentes tanto para quem as diz como para quem as escuta. Acho que soei meio pedante, mas foi o único modo que achei para me expressar. .

De qualquer modo, isso me fez refletir sobre a Verdade. O que é a Verdade? Mas será que existe uma verdade indubitável, como um fato inquestionável, se for considerada a variedade de opiniões e crenças em um universo preenchido por vários outros? O que pode ser um fato inquestionável para alguns, pode ser algo inacreditável para outros.

Por exemplo: as pessoas acreditam na existência de um ser superior, seja Alá, Jesus, "uma força maior" etc., que rege o universo e é responsável pela criação deste, de modo que muitos afirmam que, no fundo, eles acreditam num mesmo Deus, mas sob diferentes atribuições. Mas tal afirmação é como uma tentativa de manter uma verdade universal, única e indubitável, ao mesmo tempo em que favorece, pois defende perante as outras, a religião dos que o afirmam, tentando instaurar uma harmonia, uma espécie de unidade, baseada num certo respeito, entre as religiões. Mas o que dizer sobre os ateus? Estarão eles errados? Sim, para os outros (e confesso que até para mim mesmo), mas, para eles mesmos, não. E, se necessário, para se defenderem e se justificarem, eles são capazes de nos fornecerem argumentos mais racionais e talvez até mais sólidos que muitas religiões. A crença deles pode ser comprovada empiricamente, cientificamente, enquanto que as das religiões são, essencialmente, baseadas na fé, na crença em um Ser cuja existência não pode ser comprovada com a mesma exatidão. Não pretendo, aqui, fazer nenhum tipo de pregação, ou apontar qual crença é a certa e qual é a errada, pois está além de um indivíduo fazer tal julgamento, ainda que para ele mesmo a sua crença seja a verdadeira – aliás, nada mais correto, pois não se pode crer naquilo que não é verdade. Mas aqui voltamos à mesma pergunta, ao mesmo tempo em que finalmente chego ao ponto em que esperava chegar através destas perambulações.

Pois, para o ateu, a sua crença é a verdadeira, e ele tem meios de prová-lo, ao mesmo tempo em que o cristão também o tem, a respeito de sua crença, ainda que de modo diferente e até contrário. Portanto, não há uma Verdade. Há várias, e nos mais diferentes níveis, dos mais diferentes pontos de referência e das mais diferentes origens. Pois, mesmo sendo fruto de uma mente insana, ainda que vá contra todas as outras verdades existentes, não deixa de ser verdade, num nível individual. Portanto, uma verdade, aquela na qual se crê e não apenas se afirma, nua e crua, em seu respectivo nível, é capaz de sustentar-se por si só (ainda que certas vezes possua a estabilidade de um cubo mágico). Ao contrário de uma mentira, que, para se passar por verdade, é necessário estar provida dos mais variados estratagemas, estar armada, tanto para o ataque, constante, como para a defesa, cujo momento é iminente. Pois a pluralidade de verdades não exclui a existência da mentira.

E agora eu chego ao fim (forçosamente e, talvez, convenientemente), mas não sem antes me perguntar que tipo de verdade é o que eu escrevi. Mentira não é, pois agora mesmo eu acredito no que eu escrevo. De um modo ou de outro, de tudo não vou concluir nada. E isso pouco me importa, pois o que me consola, depois de tudo isso, é que sei que não resultou inútil: toda reflexão é válida.



amor e música

POR THAÍS MACEDO

Quem inventou o amor? Explica, por favor!

Se o Renato Russo não sabia não somos nós que iremos explicar!

A música sempre tentou e, se não conseguiu, talvez junto com a poesia, foi o que chegou mais perto de explicar este sentimento.
Vejamos a teorias.

Cazuza já cantou que existe um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida, quisera ele apenas, a sorte de encontrá-lo. Já o Nando Reis disse que, na verdade, o amor é o calor que aquece a alma.
Será que a fruta mordida aquece a alma? Bom, tire suas conclusões.

Roberto Carlos diz ter o amor maior do mundo e Rita Lee disse que o amor nos torna patéticos... será Roberto Carlos patético? Reparem isto é apenas uma pergunta. Talvez só a Sra Lee é capaz de responder.

Fábio Jr e Toni Garrido não quiseram se comprometer e só nos deram algumas dicas, afirmaram que o amor não tem que ser uma história, com princípio, meio e fim e que não se pede, não se mede e não se repete.
Caramba, dificultou mais.

Chico Buarque desconhecendo sua habilidade com as palavras disse querer ser um tipo de compositor, capaz de cantar o nosso amor... se você não é Chico, ninguém será. Mas deixamos de lado, ele disse isso de manhã e como faz samba e amor até mais tarde, estava com muito sono.

Elis Regina estava menos preguiçosa e comparou o amor à uma rosa num jardim, disse que a gente cuida, a gente olha, a gente deixa o sol bater, pra crescer. Cartola acha que simplesmente as rosas exalam perfumes roubados e cantou que esse amor ele evitará. Zeca Pagodinho, que gosta de judiar, o seguiu dizendo não ser merecedor desse amor.
Tá, esqueçamos as rosas.

Lulu Santos se juntou à turma de Chico e disse que certas coisas ele não sabe dizer, apenas considera justa toda forma de amor. E Raul Seixas adverte que o amor só dura em liberdade e acha o ciúme só vaidade.
Ok mas ainda não está bem definido.

E piorou quando fomos perguntar pra Marisa Monte, que disparou a dizer Amor I love you tantas vezes que nos deixou mais confusos.

Ai que como é dificil entender músico.
Vamos voltar ao raciocínio de que a música e a poesia foram mais próximas ao tentar explicar o amor, apelando para um músico e poeta, que modestamente afirmou

“Eu possa me dizer do amor (que tive)
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.”

Ah tá! Obrigada Vinicius de Moraes.



O meu é marfim

POR THAÍS MACEDO

Li uns textos na internet, em um site sobre publicidade muito bom - mas não vem ao caso – e eles falavam sobre o criado-mudo! Vários publicitários comentando sobre o, supostamente seu, objeto e pensei: mas que raios esse povo fica escrevendo sobre criado-mudo???

E comecei a matutar na tamanha importância deste móvel. Vi que ele se encontra no “top ten” de móveis importantes. Afinal, ele concentra suas tranqueira mais (des)necessárias: livros (o do momento), abajour, despertador (não é culpa do criado, você quem o escolheu como base para o objeto de repúdio em questão), celular, pra quem, como eu não o desliga, bilhetes, números de telefones que você nunca vai se lembrar de quem são, enfim... um resumo breve de sua vida.

Aí pensei: “e se ele não fosse mudo?".

Teríamos um problema muito grande, já pensou na sua vó chegando e o criado resolve comentar que as camisinhas ali dentro estão vencidas? Ou ele resolve brigar com você, afinal se você não acordar o despertador não pára (sim os criados irão dormir também). Ou imagine ele te enchendo a paciência para arrumá-lo pois está com indigestão de tanta porcaria dentro dele.
Ave, quanto poder!

Então, olhe para o seu criado-mudo, agradeça por ele estar ali ao lado sempre, aceitando tudo que vem de você, afinal o criado-mudo guarda a essência da vida de seu dono.

Ainda bem que ele é mudo!



PS: Desculpem meus temas, que ultimamente estão em torno dos móveis.. suponho que tenho visto muitos comerciais das Casas Bahia.

Pessoas - Granola

POR GRAZIELLA CREDIDIO

Li outro dia, num pacote de granola: "se o produto perder a crocância, leve-o ao forno por alguns minutos. Não use forno microondas"

Essa palavra crocância não saiu da minha cabeça.

Comecei a pensar, enquanto jogava a granola no iogurte,que na vida, cada um, por mais simples e bobo que seja,tem suas crocâncias. Aquela coisa que faz de cada um mais interessante, que dá identidade a cada pessoa, que a torna individual, deve ser como a parte crocante de um bombom, ou aquele pedacinho mais firme no brigadeiro, que o dente demora mais a cortar. Também já ouvi que esses 'montinhos de resistência'no brigadeiro são falhas. Quem faz brigadeiro profissional, não admite carocinhos. Bobagem. Eu adoro quando pego um estragado assim! E se todos tivessem, se todos fossem caroçudos, não seria brigadeiro, mas Diamante Negro, ou Choquito, e não haveria surpresa nenhuma em morder um.

Enfim, pessoas-granola existem aos montes. Crocantes no começo e depois murchas, murchas, cada vez mais fáceis e bobas. Só que na vida fora da cozinha não dá para reaquecer ninguém. Que dá, dá. Mas demora bem mais que alguns minutos. Eu não tenho paciência pra esperar, eu só tenho paciência para coisas importantes, como ler embalagens....Brincadeira. Quando a gente gosta muito, faz de tudo para uma pessoa parar de murchar.

Tudo menos usar microondas, que microondas não funciona nem com granola...



Amiga prêt à porter

POR THAÍS MACEDO

Esses dias, estava em frente o meu guarda-roupa com aquela dúvida terrível: com que roupa eu vou? E comecei a pensar que, às vezes, nossas amigas são como nossas roupas e não raramente nos pegamos pensando: com que amiga eu vou?

Assim como as roupas, temos amigas que são perfeitas para determinadas situações e inadequadas para outras. Sei que fica meio mórbido imaginar pessoas penduradas em cabides, mas como eu dividiria minhas amigas no guarda-roupa?

A primeira divisão teria que ser amigas de verão e amigas de inverno. O primeiro time ficaria para os momentos de solterisse, quando você quer sair todos os dias sem ter hora pra voltar. Esta seção seria composta por aquelas amigas que estão sempre solteiras, sempre de bom humor, sabem das últimas fofocas e sempre sabem qual festa vai bombar (claro que descolam vips, camarotes e convites exclusivos). Aquelas que você em um momento “pós pé na bunda” sabe que pode contar pra te tirar da fossa.

Já a segunda seção seria ideal pros momentos em que você estiver namorando. Elas, invariavelmente, também estariam namorando e seriam ideais para comentar o dia a dia do amor, ficar conversando sobre qual namorado é mais fofo, desabafar e ser compreendida com um: “fica tranquila vai passar” ao invés do “larga esse cara” frase típica das amigas de verão. E claro, sair de casal, você o amado, a amiga e o amado dela... pra ir ao cinema cai muito bem.

Fora esta divisão básica, temos a amiga-sobretudo, aquela que você ama, mas raramente está junto. Quando está com ela se sente bem, mas são poucas as oportunidades de encontrá-la. Tem também a amiga-mini-saia, é aquela com quem você “causa”. Sai pra arrasar, paquerar e gerar conflitos. Outro tipo é a amiga-pijama, ela te deixa confortável pra tudo, é aquela que te acalma, é quem ouve o teu choro à noite, ouve até os seus pensamentos antes de dormir e no outro dia fica ali, guardadinha, esperando chegar o momento de você precisar dela novamente. E finalmente, temos a amiga-calça jeans, esta é pau pra toda obra, cai bem em qualquer situação. Você pode ir com ela em um lugar chique e causar boa impressão, como pode ir para um passeio, uma viagem, esta amiga pega bem até no trabalho. E é aquela que mesmo desgastada, rasgada você dá um jeito remenda e não abre mão desta peça rara.

Enfim, seria bom se as amigas viessem com um selo de identificação para já sabermos em qual situação iremos precisar delas. Mas aí perderíamos o melhor, a espontaneidade. Perderíamos aqueles momentos hilários em que uma amiga comete uma gafe ou quando vocês se vêem totalmente inadequadas à situação, momentos que geram as melhores histórias. Temos sim, amigas pra cada situação, mas não podemos esquecer que as amigas, apesar dos momentos em que elas caem bem ou não, são pra toda vida.

E você, já arrumou seu guarda-roupa hoje?



Texto publicado no jornal O Lince (Aparecida - SP) no mês de Novembro de 2008

A criatura e o homem

POR THIAGO AUGUSTO

Olhou-me fixamente, parado inesperadamente diante de mim, depois que eu finalmente acordei. Eu devolvi o meu olhar, com curiosidade. Ele era alto e muito magro, e vestia uns trapos velhos e sujos. Parecia não cortar o cabelo havia muito tempo, assim como a barba, e eles estavam imundos. Suas costas, curvadas, pareciam carregar um fardo muito pesado. E as muitas cicatrizes que cobriam seu rosto suas mãos suas pernas sugeriam para mim que ele teve uma vida de sofrimento. Mas era um auto-sofrimento, pois eu não poderia imaginar alguém o machucando. Sim, sem dúvida, auto-sofrimento! As cicatrizes eram culpa dele, e eu tive certeza disso apenas em olhá-lo nos olhos. Estes quase saltavam para fora de seu rosto ossudo, agressivos e ameaçadores, mas faiscando com uma luz de curiosidade e, ao mesmo tempo, eram profundos – ao percebê-lo, eu senti como se caísse vertiginosamente, sem esperança de que a queda pudesse chegar a um fim. Eu senti pena dele, no começo, mas pouco a pouco um sentimento de medo foi tomando conta de mim. Pois, pela sua aparência, ele poderia ser um homem de mau caráter, uma ameaça para mim mesmo – como tal homem poderia inspirar qualquer tipo de simpatia?

E eu devo admitir que a minha vida é preciosa. Eu sou importante para o mundo, eu tenho uma forte influência na vida das pessoas. E eu tenho esposa e filhos, também. E eu tenho uma excelente aparência! Sim, eu sou muito bonito, e as minhas roupas são as mais caras. E – sempre são muitos os "es" - eu dou dinheiro para os pobres, e eu vou à igreja todos os domingos, e eu amo a Natureza e sempre tento torná-la útil para as pessoas... Eu sou o Homem, como ele deve ser, como ele é. E aquele homem! Oh, meu amado e adorado deus! Por favor, jesus cristo! Aquele homem era o oposto de mim.

Eu sabia que devia escapar, era a única opção. Mas, quando dei o meu primeiro passo, prestes à correr, eu notei que ele também se movia! E quanto mais eu me movia, mais ele se movia. Oh, não havia como escapar! Apavorado, desesperado e arrebatado, eu de repente percebi o que no fundo do meu coração eu já suspeitava. Eu não estava olhando para uma outra pessoa, mas para o meu reflexo no espelho!



Sou publicitária. Sou criativa?

POR: THAÍS MACEDO

No dicionário criatividade quer dizer:
capacidade criadora; aptidão para formular idéias criadoras; originalidade; engenho. Mas criatividade se nasce ou se adquire???

Será que a pessoa criativa nasce diferente? Já vem ao mundo com idéias inovadoras pensando em maneiras originais de mamar, molhar as fraldas ou ela aprende ao longo da vida a ter um olhar diferenciado sobre as coisas?

Se o indivíduo nasce criativo, Washington Olivetto devia ter inúmeras formas de choro, provavelmente sua primeira palavra não foi “ma ma” - muito comum – ele deve ter dito algo como “ornitorrinco” e seus pais sofreram ao ver que o filho comia de cabeça pra baixo. Contudo, o que se sabe é que Olivetto aos quatro anos de idade teve poliomelite e teve que ficar um longo período entrevado em uma cama. Período em que leu todos os livros de Monteiro Lobato, aprendeu a cantar músicas de Ary Barroso... pode-se dizer que a poliomelite ajudou a transformar Olivetto em um grande publicitário, pois com o tempo ocioso ele se alimentou de referências.

Mas e os outros? O que teria sido responsável, sarampo? Caxumba? Rubéola? Difícil dizer, talvez cada um tenha seu momento, quando atingiu o “nirvana da criação”.

Só sei que ao me tornar publicitária e tentar entrar para o mercado de trabalho me deparei com pré-requisitos como: ser criativo, ter grandes idéias diariamente, como se criatividade fosse uma roupa que a pessoa veste e passa a ver um mundo colorido.

Ser publicitário é saber vender. É se entupir de referências, de livros, de música, de arte e aprender – com a prática – a utilizá-las ao seu favor e claro, a favor do cliente.

Ser criativo é ter imaginação, é ser original, é pensar em várias formas de ver as coisas, antes de assumir uma posição, é inclusive, fazer o salário durar até o final do mês. Enfim, ser criativo é ter jogo de cintura. E também, pra isso é preciso prática.

Não se nasce criativo se aprende a ser. Não se nasce publicitário se estuda pra ser. Todo ser humano é capaz de ter idéias originais... afinal, toda idéia é original!



As mesmas paixões

POR: TIAGO DE SOUZA

Eu tenho um primo.

Naquelas coisas de família, tenho um primo doente (sim, a paixão pelo time de coração, em muitas oportunidades, tem sintomas doentio) pelo São Paulo. Assim como meu avô, meu pai, minha mãe, meu tio, minha irmã...

E com ele costumo ver meu time em clássicos. Nunca perdíamos, éramos invictos, imbatíveis juntos, era o que acreditávamos. Vimos mais de dez clássicos juntos e em todos o sorriso aberto jamais deixou de aparecer ao final da partida.

E ontem fui ao Morumbi.

Na verdade minha ida ao estádio começou no início da semana.
Nesse, de domingo, não queria ir. Mas ele me liga na terça-feira avisando apenas que irá comprar nossos ingressos. Pronto, já sabia que time venceria. Era daquelas certezas que se tem, por exemplo, quando se encontra um grande amor. Iria voltar para casa com sorriso no rosto novamente.

Eu tenho uma namorada.

E tenho uma namorada – na verdade meu grande amor – corintiana, naquelas coisas que o Senhor Destino resolve aprontar na vida da gente, acredito eu, apenas para se divertir. Imagino o Sr. Destino, um homem sisudo, barbudo, olhando esse "detalhe" da minha vida e, marotamente, sorrindo com o canto da boca...
Apesar de saber da minha doença, o futebol, especificamente o São Paulo, ela, a namorada, insiste na frase "eu odeio futebol". Ora para me provocar, ora para criar intriga, ora por dizer a verdade.
Mesmo assim convidei-a para assistir o jogo no estádio comigo. Ela, sem pestanejar, topou. Ah, Sr. Destino....

Iria ao estádio com meu amuleto chamado primo, ver meu time líder pegar o rival combalido, com a namorada "eu odeio futebol" a tiracolo e a convenceria, não só a gostar do futebol, como a mudar de lado, de torcida. Torcer para quem vence é mais fácil, pensei.
Esquecendo a violência dos estádios paulistas, fui com ele, ela e mais tio, irmã, amigos... Para todos seria um programa de fim-de-semana. Para mim não!
Aquele seria o dia derradeiro que eu inverteria aquilo que fazia o Sr. Sisudo-barbudo rir da minha vida.

Ficamos, é claro, no lado tricolor do Morumbi. O meu primo, com uma cara de preocupado, me avisa que um dos nossos atacantes não vai jogar e um zagueiro entrou no meio. Mas nós, juntos, estávamos lá. Nada abalava minha certeza.
Sem entender aquela conversa minha namorada também não se preocupou. Apenas observava com indiferença.
E ficamos bem perto da torcida adversária. Faziam barulho. Muito. Até mais que a nossa superioridade numérica. Os rivais não ajudavam.
Mas eu só esperava o momento da explosão. Do gol. Do nosso gol. Daquele que a tocaria, vendo minha alegria, para nos unirmos ainda mais até nas paixões.

E o jogo corria, mas nada do meu momento chegar.

E nesse tempo eu ia imaginando a maneira de comemorar. Dar-lhe um beijo longo, enquanto a massa explodia em êxtase? Chorar de emoção? Fazia planos. Imaginava a vitória. Esplendorosa. Ela, a namorada, jamais imaginava meus maquiavélicos pensamentos. Estava lá não sei por qual motivo...
E o jogo caminhava para um morno fim. Bom, pelo menos levei-a ao estádio, fiz aquilo que pensei que nunca aconteceria, comecei a refletir.

Mas, a poucos segundos de mudar uma história, enfim o gol.

Em vez de tornar realidade aquilo que planejei, apenas observo, atônito, a massa adversária vibrar. Não! Esse era o meu momento. Não podiam me roubar aquilo...
Atrás de mim olho e vejo um sorriso. Eu conhecia aquele sorriso. Eu já tinha o visto na minha cara, na cara do meu primo, muitas outras vezes. Mas dessa vez ele estampava o rosto (e que belo rosto) da minha namorada.

No primeiro instante, perguntei: "Por que fazes assim, Destino?" Não entendia o sarcasmo. De me fazer sofrer daquele jeito. Em estragar um enredo meticulosamente estudado.

O jogo acabou. Frustado, olhei a decepção do meu primo, o ex-amuleto. Perdemos... Foi a primeira observação, sem compreender de fato o que estava ocorrendo.

Mas não, logo em seguida percebo que ganhei.

Porque, na demora em sair do estádio, olho a namorada, ex-"eu odeio futebol", encantada. Maravilhada.
Ela apenas observava a torcida, sempre adversária para mim.

Naquele momento, ao pé do meu ouvido, ela me pediu para um dia leva-la daquele lado. Falei que não. Mas da boca para fora. Porque ali, naquele instante, senti que dividíamos mais uma paixão. Não seria pelo time, é claro, porque essa é uma coisa imutável, assim como o sentimento entre casais que se amam.

Mas pelo futebol, esse esporte que anseia multidões. A partir daquele momento sei que ela passou a me entender.

Como um livro que tem vida própria e segue seu caminho à revelia do escritor, a minha vida tomou um rumo não planejado ontem. Mas com um final surpreendente. E muito bonito.

Quem disse que ontem não saí vencedor? É... meu primo me dá sorte sim! Sim, continuamos invencíveis juntos...

Agora eu tenho um primo, uma namorada, e os três uma grande paixão. Aaahh, Sr. Destino, que de sisudo não tem nada, muito obrigado!!!




Postado no blog do jornalista Juca Kfouri, em 07 de outubro de 2007, após vitória do Corinthians sobre o São Paulo por 1 a 0 depois de 05 anos.

Nesse ponto eu sou careta

POR: GRAZIELLA CREDIDIO

Ouvi outro dia de uma amiga que seu namoro não lhe fazia bem, mas que se sentia incapaz de terminá-lo por medo de ficar sozinha. Isso não é amor, é insegurança. Na mesma semana ouvi que um rapaz estava pensando em morar junto com a namorada de pouco mais de dois meses. Isso também não é amor, é carência. Houve também o caso de um ex-namorado que decidiu se casar porque a menina era virgem. E isso, também não é amor, é machismo e retrocesso.As pessoas têm tanto medo da solidão que não se dão conta de que o que a atrai, é o sentimento vazio e não o lugar vazio ao seu lado no sofá.
Na busca pelo sucesso profissional, o amor verdadeiro como deve ser, ficou esquecido na gaveta da escrivaninha do consultório e do gabinete, ou até mesmo foi remetido ao arquivo geral de Jundiaí.
Não foi à toa que Cássia Eller gritou: “o mundo está ao contrário e ninguém reparou.”. Ditados como “antes só do que mal acompanhado” agora viraram “antes mal acompanhado do que só”.
Me desculpem o jargão mas eu voto pela não banalização do “eu te amo”. Assim não teremos quem namora pra não ficar sozinha, quem fala em morar junto com a namorada mas pensa num futuro sozinho conhecendo as amigas bonitas da cunhada.
E há quem diga que caretas são aqueles que namoram pois não saem muito pra balada e são mais comportados. Pois eu afirmo aqui, que reunir a turma pra gandaia e casar-se com o copo de caipirinha tem mais lhaneza e veracidade que certos compromissos firmados em cartório.
E que sem pressa, devemos saber esperar as famosas palpitações e mãos suando, sem precisar ingerir qualquer anfetamina ou droga sintética, e aí sim, viver um genuíno amor, pois nesse ponto, eu sou careta.



Apresentação

Este blog é um "extensão" do blog Origem da Ideia (http://www.origemdaideia.zip.net/) que eu mantive durante um ano.

É um blog para compartilhar textos, opiniões, pensamentos e inquieteções. Contém textos meus, de amigos e roubados na internet (com os devidos créditos aos autores).

As postagens antigas do outro blog serão copiadas e coladas aqui, pra você não perder nada do que já foi feito.

Sinta-se à vontade para ler, divulgar e mandar seu próprio texto.

Este nome foi o que eu queria de início mas já estava sendo usado, agora estava livre, então parece que voltei à
Ideia Original.